An Aquarian Exposition: 3 Days of Peace & Music

15 de agosto de 2018

"Woodstock was not about sex, drugs and rock and roll. It was about spiritualitly, about love, about sharing, about helping each other, living in peace and harmony."
- Richie Havens

Há quarenta e nove anos atrás começava hoje o melhor festival de rock que alguma vez existiu ou existirá, não pela música (mas pela música também), mas por tudo aquilo que o Woodstock foi e ainda hoje representa. Não poderíamos reproduzir aqueles mágicos quatro dias nem que fosse o que mais quiséssemos no mundo, porque é impossível reproduzir os ideais de uma geração que mudou tudo, para sempre.


Podia contar-vos a história de como tudo aconteceu: que começou com um anúncio no New York Times, que a ideia original era construir um estúdio de gravação, que quando a localização já estava definida a cidade de Wallkill baniu o festival de lá ter lugar com a desculpa de que as casas de banho portáteis não iam de encontro com o código da cidade, que as lojas pararam de vender billhetes e que até quem já os tinha comprado pedia agora o reembolso. 
Mas nada disso importa, porque no dia 15 de agosto de 1969 um milhão de pessoas encontrava-se a caminho da quinta do Max Yasgur em Bethel, NY. Parece que a estimativa de cinquenta mil espectadores era extremamente baixa e foram vendidos mais de duzentos mil bilhetes. Acontece que dois dias antes do grande festival já 50,000 flower children acampavam  perto do palco e como não houve tempo de acabar de construir cercas e portões, e não havia maneira de tirar de lá as cinquenta mil pessoas, o Woodstock acabou por se tornar num festival grátis. Assim que a notícia se espalhou toda a gente se fez à estrada. A fila de trânsito tinha mais de trinta quilómetros e a maior parte dos carros foram impedidos pela polícia de chegar ao recinto. Houve quem abandonasse o carro no meio da estrada e andasse todos aqueles quilómetros até ao concerto. Ainda assim, o Woodstock contou com quase meio milhão de almas absolutamente lindas que fizeram daqueles dias a maior manifestação de paz de todos os tempos e um dos eventos culturais mais importantes da história. 


Podemos saltar já para a parte do cartaz? Trinta e três atuações absolutamente incríveis! Hoje, dia 15, tocava Richie Havens, Swami Satchidananda, Sweetwater, Bert Sommer, Tim Hardin, Ravi Shankar, Melanie Safka, Arlo Guthrie e terminava com Joan Baez, grávida de seis meses na altura. Pouco depois começava a chover. No dia seguinte, os concertos começaram por volta do meio dia com Quill, seguido de Country Joe que tocou mais tarde com The Fish, Santana, com um baterista de vinte anos que foi o músico mais novo a tocar no festival,  John Sebastian, que não estava no cartaz, mas por acaso andava por lá e foi convidado a subir ao palco, Keef Hartley Band, The Incredible String Band, Canned Heat, Mountain, cujo concerto foi o único que deram como banda, Gratefull Dead, Creedance Clearwater Revival, Janis Joplin & The Kozmic Blues Band, Sly and the Family Stone, The Who, interrompidos pelo ativista político Abbie Hoffman, e Jefferson Airplane com Nicky Hopkins no piano. Os concertos duraram a noite toda, até por volta das dez horas da manhã. O mesmo se repetiu no dia 17 (e, assim sendo, 18 também), quando Joe Cocker começa a tocar às duas da tarde e depois de "With a Little Help From My Friends" uma enorme tempestade começa. Os concertos retomam às seis e meia com Country Joe and The Fish, Ten Years After, The Band, Johnny Winter, Blood, Sweat & Tears, Crosby, Stills, Nash & Young, Paul Butterfield Blues Band, Sha Na Na e para fechar o festival: Jimi Hendrix com a emblemática performance que, para muitos, definiu a década de 60. Tocou das nove às onze da manhã, com uma banda temporária - Gypsy Suns & Rainbows - para menos de duzentas mil pessoas. Diz-se que nada expressou tão bem quanto a guitarra de Hendrix a rejeição de tudo o que a América de Nixon representava. Tocou até um encore, coisa que raramente fazia, escolhendo a Hey Joe como a última música tocada no palco do festival.  

 Janis Joplin às 2h do dia 17

 Joe Cocker  a ser fotografado às 14h do dia 17

 Robbie Roberston e Levon Helm de The Band às 22h do dia 17

Podia jurar com todas as certezas que lá estive, mas só vim a nascer 29 anos mais tarde. Se tivesse nascido em 1969, teria sido no momento em que The Band - a minha banda preferida de todos os tempos - estava a tocar. Esta sexta-
-feira, quando fizer vinte anos, vou ouvir mais uma vez o vinil do festival assim que acordar. O mundo não seria o mesmo sem o Woodstock '69. 

Grace Slick de Jefferson Airplane às 8h do dia 17

David Brown e Santana às 14h do dia 16

E as pessoas? Podemos falar das pessoas? Não havia ninguém com mais de trinta anos. Não foi registado nenhum caso de violência. E dos testemunhos que nos deixam toda a gente se lembra daqueles dias como os melhores da sua vida. Música, paz & amor e é só. Ninguém estava interessado em mais nada. Há tanto para contar sobre o Woodstock que mesmo que escrevesse a noite toda não conseguia cobrir tudo, nem sei tanto quanto há para saber. Diz-se que um bebé nasceu no palco, e há de facto uma senhora chamada Julia Dawes que reclama ser esse bebé, mas a notícia ainda não se concluiu como verdadeira. Há histórias, há mitos, há sobretudo milhares de jovens que se reuniram num só sítio para mostrar ao mundo que a vida em harmonia é possível. 

GIVE PEACE A CHANCE

Jovens no Woodstock que foram a capa do álbum oficial: hoje, 49 anos depois, continuam juntos e apaixonados.






"But when I played Woodstock, I'll never forget that moment looking out over the hundreds of thousands of people, the sea of humanity, seeing all those people united in such a unique way. It just touched me in a way that I'll never forget. "

- Edgar Winter

Enviar um comentário

Instagram

Copyright © The Duette
Design by Fearne