Us & Them

21 de maio de 2018

É com o som de uma explosão que transforma todo o Altice Arena num mar de sangue que Roger Waters entra em palco, por volta das 21.20h da noite de ontem, com Breathe. E foi mesmo como respirar pela primeira vez. Ou como renascer. O impacto e a emoção que esta entrada provocou no público não nos abandonou até ao final do concerto. E que concerto! Quando pensávamos que não podia ficar melhor, ficava melhor! Desde efeitos sonoros loucos, a porcos voadores, projeções arrepiantes, uma fábrica cresce no meio da arena e ao longo da segunda parte surpreende-nos com imagens, vídeos e mensagens. Este não é só um concerto. É uma mensagem política. 

Imagens retiradas do Google

Quando os relógios começam a aparecer no ecrã gigante sabemos que é Time que aí vem, mas é com The Great Gig in the Sky que ficamos completamente loucos com Jess Wolfe e Holly Laessing da banda Lucius. O Dark Side of the Moon foi uma constante, não seria se não por isso que no final somos presenteados com uma pirâmide de luzes e um arco-
-íris que cobre toda a sala, mas a set list passa ainda por Welcome to the Machine e Wish You Were Here, quando todo o público canta com emoção em harmonia, e Déjà Vu, The Last Refugee e Picutre That do novo álbum a solo Is This The Life We Really Want, na primeira parte. E é esta última música umas das que melhor representa a ideologia inerente a esta tour e a mensagem de Waters.

Num intervalo de vinte minutos somos deixados com frases que aparecem em vermelho vivo no ecrã, de entre elas Resist Thought Control e Resist Neo Fascism. Depois, volta com Dogs e Pigs (Three Different Ones) com um alvo principal: Trump. É assim que, de repente, um porco insuflável sobrevoa toda a sala com a frase Stay Human / Mantém-te Humano. Com Money, somos levados noutra viagem de vídeo-montagens da sociedade consumista, do capitalismo selvagem, da sede do poder e do dinheiro, enquanto metade do mundo não conhece se não fome, guerra e miséria. Isto é US + THEM. Nós e eles. Nós contra eles. 



Fotografias de Rita Sousa Viera 

Another Brick in the Wall foi mais um dos momentos fantásticos da noite e gritávamos em conjunto "We don't need no thought control!", a acrescentar, Roger convida jovens do Centro Social e Comunitário do Bairro da Flamenga, em Lisboa, para dançarem a famosa coreografia que acompanha a música. Ouvimos ainda Us and Them, Smell the Roses, Brain Damage e Eclipse, e não sei qual foi o momento mais mágico da noite. Talvez quando a música acaba e Roger põe os braços ao peito e agradece, e nós ficamos loucos e aplaudimos como nunca aplaudimos ninguém. Diz-
-nos que caso tenhamos a sorte de viver e poder experiênciar o amor romântico, ou o amor erótico, que somos capazes de nos trasncender e utilizá-lo para criar empatia com os nossos irmãos e irmãs que habitam o planeta conosco, com todos os seres humanos, independentemente de raça, sexo e etnia, para tornarmos o mundo um lugar melhor. Diz-nos que recentemente teve a sorte de se apaixonar assim e depois toca Wait for Her, Oceans Apart e Part of me Died - foi absolutamente lindo. Ou talvez o melhor momento tenha sido o último momento. Quando sabíamos que depois de um concerto daqueles não podiamos pedir mais, mas ainda assim, Roger Waters acaba com Comfortably Numb, a minha preferida, a preferida de muitos. Cantámos em conjunto. Soubemos, ali, que este era um dos melhores momentos da nossa vida. E foi. É.

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